Páginas

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Pretensão




Andando sem pretensão alguma pela rua, somente sentindo o sol da manha, comecei a sentir o bater da brisa no rosto como se fosse uma benção divina, neste momento esqueci por completo a minha existência quanto humano e passei a fazer parte deste contexto entre o sol e a brisa.
É como se meu corpo já não existisse, naquele momento, era eu e a bondade de Deus.
Quando comecei a perceber cada casa, cada recorte de das nuvens as pessoas e... Um toc toc muito leve e suave, como se fosse a percussão de algum tambor indígena, foi quando este toc toc começou a aumentar e me fazer lembrar dos poema de Cecília Meireles: “A canção dos tamanquinhos”, por mais que aquele barulho rapidinho me irritasse profundamente, no fundo bem lá no fundo o poema me fez voltar a infância. Uma infância ingênua e engraçada, que corríamos na rua, jogava bolinhas de gude, tocava campainha da casa das pessoas e saia correndo.
O toc toc ligeirinho da minha mãe chegando em casa, para o almoço, da minha avó arrumando para ir as missas dominicais, pela manhã.
O toc toc vai ficando forte e irritantemente constante como batidas fortes de alguém que esta mais apressada, e que perde o seu tempo para chegar a algum lugar com muita exigência! E, esquece de apreciar aquilo que naquele momento era importante para mim, e que estava perdendo o seu valor por causa deste barulho chato: toc toc toc toc toc toc!
Neste momento criei uma inveja do sol, que aquece e ao mesmo tempo tão distante. Fiquei com ciúmes do céu e das nuvens que estava tão perto dele, dos pássaros que podiam abrir suas asas para alçar vôos pela brisa que naquele instante era minha!
Sem saber aonde chegar, andei, andei muito e rápido para que aquele barulho não me perturbasse tanto. E procurando a paz dos meus ouvidos somente para sentir aquele momento único do prazer Divino, me sentir por um só instante o Divino, por ser sua imagem e semelhança.
Quando me deparo com zum zum zum, brum brum brum, era uma onomatopéia de sensações e sentidos.
Foi ai que percebi que Deus, quis e mostrar que tudo aquilo que no momento estava me atrapalhando, também passava e observava. Tornando-me condescendente com o mundo, largando o meu lado egoísta e vendo tamanha pretensão a minha de querer ser parecido com Deus e ao mesmo tempo ter o dom divino de reger as coisas ao meu modo.
E o sol? Este continuou a brilhar forte e aquecer, a brisa? Continuou ventar fria e a tocar nas pessoas.
E eu? Continuei com ciúmes do céu e dos pássaros!