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terça-feira, 6 de julho de 2010

tricortando



Tricortando minhas historias, gostaria de brincar de ser feliz, pintar o meu nariz...
Levantar meu estandarte, eleger alguém para fazer as minhas graças e ser metido como sempre fui... Metido no momento certo de me meter nas coisas.
Ser o bobo que sempre fui. O bobo que para e fica analisando e pensando, e não tentando me fazer esperto, e achar que sei tudo sem observar.
O tricô é uma arte feita em duas agulhas que costura com cada nó uma trama, e esta trama se transforma em um monte de emaranhado, pontos que se transforma em uma blusa, um cachecol, uma coberta... Que poderia também ser feitas de retalhos ou fuxicos, como as das Senhoras da casa grande.
A casa onde corria quando pequeno, fazia bolo de barro na horta, e me banhava em uma banheira de louça aos xingos daquela senhora.
Desmascaro-me a cada pensamento, vejo o que não fui, mas me remeto ao que ainda posso ser.
Aquele beijo roubado... Tirou-me o fôlego, mas o perdi em algum 422, mas posso dizer que fui um bom ladrão, não capturei o seu corpo, mas sim a sua essência. Não furtei mais seus beijos, mas consegui fazer parte do mundo besta.
Mas roubei suas mãos... Roubei a imagem da menina de Paquetá, andando de bicicleta na chuva. Roubei brigadeiros de colher da festa da minha amiga.
Tomei um chá pra curar a azia que os prédios me causavam, quando o sol invadia todos os meus poros.
Ponho meus óculos antigos, para me mostrar e não para aparecer, sou meu próprio cartão de visita, escrito em letras garrafais, com luz de neon sou a musica de Milton.
Sou aquele cigarro fumado na hora do gozo, sou meu próprio personagem onde não penso.
Sou a literatura de Hilda Hilts, quando estou dormindo em pé, quando o dia é qualquer, quando jogo meus búzios ao alem, e ofereço a minhas orações a Deus!
Tricortar é isso, um grande emaranhado de coisas que nem mesmo sabemos, o sentido de tudo isso!